Em greve desde o início de maio,sevenbet - professores de todas as universidades estaduais do Paraná fizeram manifestação na Assembleia Legislativa (Alep), na terça (30), pela reposição integral das perdas salariais que, segundo suas contas, chegam a 42%. O ato teve apoio de estudantes universitários.
Continua após publicidadeDesde o início da greve (8 de maio na Universidade de Londrina, 22 de maio na do Centro-Oeste e 15 de maio nas outras cinco instituições), o Comando Estadual de Greve tem feito intensa mobilização para abrir negociação com o governo do Paraná. Até agora, no entanto, o governador Ratinho Júnior (PSD) fechou as portas para qualquer diálogo com os professores.
Na sessão no plenário da Alep, nesta terça (30), o secretário de Estado da Fazenda, Renê Garcia Júnior, apresentou a Prestação de Contas do Governo referente ao 1º quadrimestre de 2023. O documento mostra que a situação do estado é confortável em relação a investimentos em Educação e pessoal. O governo do Paraná investe 28,45% da receita em despesas com Educação, quando o mínimo deveria ser de 30%. A despesa com pessoal é da ordem de 42%, quando pode chegar até a 49%, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal.
:: Alunos protestam em todo o Paraná contra afastamento de diretores de escolas ::
“Estimamos que o Estado deve arrecadar R$ 13 bilhões a mais [em 2023] e não ter uma queda de receita. Vai fechar em superávit, como fechou 2020, 2021, 2022. O governo tem R$ 17 bilhões em caixa, porque vem arrecadando mais do que as previsões”, apontou o deputado Professor Lemos (PT) diante dos dados apresentados. “A margem fiscal para reajustar [os salários] existe. Pode chegar a 46,45% [da receita corrente líquida], que é o limite de prudência. Há condições, sim, para pagar o que deve aos servidores”, complementou o deputado.
Lemos cobrou que seja encaminhado o mesmo reajuste que o governo propôs e aprovou para o Poder Judiciário, de 12,93%. Para as carreiras do Executivo (nas quais estão incluídos os professores universitários), o reajuste proposto por Ratinho Júnior foi de 5,79%, bem abaixo da inflação oficial.
:: Sindicato denuncia material didático no PR que fala em “mentalidade pobre X mentalidade rica" ::
A deputada Luciana Rafagnin (PT) lembrou que o reajuste salarial é um direito dos servidores, que não vem sendo cumprido desde 2016. “É mais do que justo que o Estado reconheça o que é de direito, que é a data-base. [Despesa de] 42% com pessoal dá condição de o Estado repor no mínimo 10% [para os servidores]. Peço bom senso ao governo para reconhecer que nossos servidores estão há 7 anos sem reposição salarial e é um direito que eles têm”, afirmou.
“Postura extremamente conservadora”
Em suas respostas aos questionamentos dos deputados, Renê Garcia Júnior não deu indícios de que o governo pretenda negociar o reajuste dos servidores do Executivo.
“A arrecadação 2023/24 ainda projeta um déficit orçamentário na faixa dos R$ 5 bilhões. Vamos ter uma perda de caixa ao longo de 2023. Tenho um compromisso com o Estado do Paraná de não levar nenhuma situação que possa complicar a trajetória sustentável das finanças do Estado”, disse o secretário.
Ele ainda complementou dizendo ser extremamente conservador em relação a gastos permanentes do governo, como a folha de pagamento. “Acredito que a política salarial deve seguir uma lógica de sustentabilidade. Eu só posso pagar aquilo que posso garantir que pago. Tenho uma postura extremamente conservadora em relação a aumento de gastos permanentes”, afirmou.
:: Governador do PR nomeia homem branco para a Secretaria da Mulher e Igualdade Racial ::
Governo nega diálogo
Em agendas com parlamentares da base aliada e da oposição, o Comando de Greve foi informado de que “o governo não discute com categorias em greve sobre nenhuma das pautas e que, neste momento, não há propostas para uma mesa de negociação.”
“O motivo da greve, justo e legítimo, é o grave arrocho salarial, acumulado em mais de 42%, pois há 7 anos o Governo do Estado não dialoga com os docentes sobre um plano para reposição”, destacou o Comando Estadual de Greve, em nota.
A representação dos docentes aponta que, antes do início da greve, as reitorias das universidades enviaram à Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) um Plano de Carreira Docente. A proposta estaria parada nas mãos do governo desde 11 de abril.
Resposta do governo
No início da greve dos professores, a Seti enviou à reportagem nota informando que “a proposta de reformulação das carreiras foi apresentada e encaminhada para avaliação das demais áreas do Estado, uma vez que envolve aspectos orçamentários” e que entende “que a greve é precipitada e pode prejudicar o diálogo”. Procurada novamente, para esclarecer a negativa de diálogo com os professores, a pasta não respondeu.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Frédi Vasconcelos
Relacionadas
Alunos protestam em todo o Paraná contra afastamento de diretores de escolas
OPINIÃO. O governo Ratinho e Seed desmontam a carreira docente no Paraná
Quem Somos
Parceiros
Publicidade
Contato
Newsletters
Política de Privacidade
Redes sociais:
Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.